A profecia medieval que prevê um ano ruim pela frente

A sociedade medieval estava repleta de manuscritos misteriosos, entre eles o 'Zibaldone da Canal'. Esta espécie de guia foi escrita em algum momento do século XIV, por um comerciante veneziano, de acordo com The Medievalist.

O guia continha muitas informações que os historiadores consideraram esclarecedoras, desde questões de matemática até as melhores portas para os negócios.

Crédito da foto: Wiki Commons por Canaletto

O comerciante veneziano que criou o ‘Zibaldone da Canal’ também registrou nele provérbios que achou bom lembrar, por exemplo: “O sábio tem a boca no coração, enquanto o tolo tem o coração na boca”.

No entanto, além de todas as informações sobre a vida na Europa Medieval, o Zibaldone da Canal continha uma seção muito interessante para aqueles que procuravam saber o futuro. 

Crédito da foto: Wiki Commons por Gentile Bellini - The Yorck Project

E, para que fique claro, Nostradamus não tem nada a ver com as profecias do 'Zibaldone da Canal'!

No livro, o comerciante explicava que o que aconteceria em qualquer ano poderia ser previsto com base no dia da semana em que caísse primeiro de janeiro. 

O livro mercantil previu que os anos que começam na quarta-feira terão poucos grãos, mas abundância de mel e leite. O inverno será quente e a primavera úmida, com outono temperado. 

Crédito da foto: Wiki Commons Domínio Público

No entanto o ano 2020 começou numa quarta-feira e o cenário foi diferente, com grande mortalidade de pessoas (pandemia de covid-19) e fome.

Por outro lado, em 2020, o inverno no hemisfério norte foi o mais quente em anos, de acordo com o The Economist. Portanto, o comerciante não estava totalmente errado.

Foto de Ales Krivec no Unsplash

Em 2024, o dia 1.º de janeiro caiu numa segunda-feira. Se tivermos em conta as previsões do Zibaldone do Canal, devemos esperar bastantes problemas...

“Haverá uma grande inundação e grandes doenças, e haverá pouco mel, vinho e grãos, e haverá muito frio e gelo e haverá uma grande mortalidade por causa do ferro, e muitas pessoas morrerão de dores de garganta” diz o livro.

No entanto, o comerciante previu que “o inverno será normal e a primavera e o verão serão temperados”, segundo a tradução publicada pelo The Medievalist. 

Para o The Medievalist “mortalidade por causa do ferro”, provavelmente, significava guerra com o ferro, representando as espadas e flechas da época.

Crédito da foto: Wiki Commons por Jean Froissart

O mundo já começou a viver o que o comerciante previu? Bom, um mapa de 2 de janeiro, divulgado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, mostrou que a gripe estava a aumentar no país, pouco antes do ano novo.

Crédito da foto: entra para Controle e Prevenção de Doenças ( CDC)

Além disso, a Europa está a lutar contra aquilo que o Financial Times chamou de uma "tríade" de ameaças, referindo-se às doenças respiratórias que têm deixado os sistemas de saúde do continente ao limite. Há um grande aumento de pessoas doentes na Espanha, Itália, Alemanha, França e Reino Unido. Não é exatamente dor de garganta, mas certamente preocupante.

Quanto à inundação, o fato é que a crise climática tem provocado várias, nos últimos anos, e este pode não ser diferente. Já as "mortes por ferro" também podem soar familiar, pois não parece que as guerras em curso no mundo deem uma trégua.